O  SAPATEIRO E A MOCINHA DO VELÓRIO

Por Lídice Cambuí

ESSA É UMA HISTÓRIA BASEADA EM FATOS REAIS.

Era uma vez um sapateiro/agricultor, no auge dos seus 20 e poucos anos,  teve que se ausentar do seu ofício para ir a um certo velório.

E lá chegando, se deparou com certa mocinha que lhe chamou atenção.

Ela tinha 18 anos , e nos anos 30, se aproximar de alguém do sexo oposto exigia todo um cortejo e compromisso.

Ele então a pediu aos pais dela, que vigiavam muito bem o “namoro”  , que se resumia a conversas na porta de casa .

Casaram-se , ele com 24 e ela com 19, no ano de 1938.

Ela o ajudava e o apoiava em tudo, cresciam juntos, planejavam juntos, faziam tudo juntos.

Ele passou num concurso público e deixou seu ofício de sapateiro. A fazenda passou a se resumir aos fins de semana.

Tiveram 3 filhos, que criaram com muita dedicação e amor, sendo que a primeira nasceu 1 ano após o casamento.

Quase duas décadas se passam. Surge então a oportunidade de ela , a mocinha que não era mais mocinha, se inscrever num concurso público.

Mas, cidade do interior, anos 60, mulher trabalhando fora? Enfim, com o apoio e incentivo total do marido, não é que ela conseguiu?

Tabeliã de cartório por 40 anos, ele auditor aposentado também, conseguiram viver a velhice da melhor forma curtindo filhos e netos. Juntos deixaram um patrimônio para filhos e também para  os netos. Velhice de qualidade, com viagens e muita cumplicidade.

Era uma vez um casal apaixonado que a morte separou aos 63 anos e meio de casados.

Ele se foi primeiro, e lá estava ela na sala de hospital segurada em sua mão até o último suspiro, ao final do qual ela tirou com delicadeza sua aliança e sua dentadura. E as lágrimas deram adeus a ele no lugar das palavras.

Era uma vez uma conexão de almas, daquelas que acontecem apenas uma em cada milênio para provar que o amor e a cumplicidade alcançam coisas impossíveis.

Era uma vez um conto de fadas da vida real.

 

 

 

 

 


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