UM MALDITO E ESTUPIDO NAO


O verde azulado de seus olhos me lembra um oceano, cheio brilho, luz e mistério, tudo que eu queria era me perder no mais profundo e o mais revolto desse mar que esse amor me daria. Porem o medo de arriscar por esse par de olhos verdes azulados, parados na minha frente me deteve. Não tive coragem de falar o que sentia, por mais que demonstrasse, por mais que eu quisesse ficar com ele. Não podia, não conseguia. As minhas únicas palavras que conseguia dizer foram: “Adrien, não.”
Após a minha negação, percebi a sua mirada completamente perdida, o brilho intenso que antes possuía e ao qual me fascinava, simplesmente se perdeu por completo, sai correndo sem ao menos virar para trás e tentar dizer algo.
Por mais que eu queira nunca mais soube dele, lia algumas notas de jornais, e o sempre como um homem serio e compenetrado, mas, ainda assim, amargurado e a culpa era minha.
Bom eu não recusei o seu pedido não foi por que o amava, por que o amava sim, desde a primeira vez que trocamos olhares dentro daquele carro ao qual dividimos, e esse amor foi crescendo a cada vez que o via. Eu fascinava com suas historias de vida, com tudo que ele passou e de como chegou, ficava encantada com a sua enorme timidez a cada vez que me tocava, que me abraçava e me beijava.
A cada beijo que trocavamos, a nossa paixão aumentava, ao ponto de que nossos passeios prolongassem, e as nossas noites tornassem mais vivas, ao ponto de que um corpo não funciona sem o toque do outro. Não precisava de motivos para nos vermos, bastava a nossa vontade.
Porem quando manifestou a vontade de formar uma família, confesso que eu por um momento me senti seduzida por essa idéia, um lar, uma família, ele sempre ali do meu lado. Mas a minha insegurança ao qual o meu futuro cairia em um eterno e monótono casamento me fez recuar.
Filha de artistas, meus pais sempre pregaram a criatividade e a liberdade, crescendo e respirando arte, já que minha mãe era pintora e possuía um ateliê e meu pai era um musico famoso na região de Florença, sempre vi a arte como uma forma de liberdade e prazer. Não e que esperava que o amor viesse assim forte e arrebatador, porem não esperava que viesse tão rápido.
O trem partiu, mas ele já não estava mais na plataforma, eu o perdi de vista, para sempre, mas seu rosto ficou gravado em minha mente, em meu ser, a cada pincelada que dou em uma tela, as cores azul e verde predominam sempre. Depois do meu curso na Escola de Belas Artes de Paris, acabei me tornando aquilo que tanto almejei ser uma artista de renome europeu. Minhas obras faziam sucesso por exposições e galerias de arte de toda a Europa. Mas ainda faltava algo. Ainda faltava você!
Regressei a bela e exuberante Paris por diversas vezes, e todas elas, um imenso vazio invade meu peito, fazendo com que a triste lembrança sua chocasse com a realidade da minha decisão. Fazendo com o que eu me arrependa amargamente de ter te dito não.
Não passa um só dia, não passa um só momento ao qual eu não tenha me arrependido dessa estúpida decisão, desse maldito não. Sei que o passado, por mais que nossa decisão nos faça levar a um caminho ao qual nos separe por completo. Jamais me arrependo de cada momento. Cada beijo trocado, cada caricia que proporcionei a você. Porem se existe uma coisa ao qual me arrependo, foi a de ter te dito NÃO.
Aquele maldito e estúpido não!


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